quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"A globalização é uma nova forma de colonização"

 

Autor de estudos sobre o modo como as percepções de tempo e espaço se alteraram no mundo contemporâneo, o antropólogo francês Marc Augé reflete sobre essas mudanças em uma entrevista especial. "A distância entre ricos e pobres é cada vez mais importante, e a mesma coisa ocorre com o acesso ao conhecimento e à ciência. Eu diria que a globalização não difere muito da colonização. Vivemos um tipo de colonização anônima ou multinacional. A globalização nos emparelhou" afirma.

Desde 1980, o antropólogo francês Marc Augé propõe uma observação e um relato inédito de um mundo contemporâneo em plena velocidade. Da África à América Latina, do mundo ocidental a uma travessia pelo Jardim de Luxemburgo, uma viagem etnográfica pelo Metrô de Paris ou um ensaio brilhante sobre a bicicleta e o território de autonomia e intimidade que nos oferece, Augé explorou quase todos os recantos da modernidade sem nunca perder de vista o objeto central de seus trabalhos, a saber, os outros, o próximo, o indivíduo.

A originalidade de Marc Augé se inscreve inclusive no lugar de seus encontros. Autor de um delicioso ensaio sobre a impossibilidade de viajar – « A viagem impossível » - e o consequente automatismo que consiste em não vijar por territórios novos, mas sim por lugares consagrados e codificados, o autor francês fixou o local da entrevista em uma estação de trens, a Gare d’Austerlitz. Um lugar de observação privilegiado, situado perto de sua casa, na esquina de um McDonald’s em frente do qual está a entrada do Museu de História Natural de Paris. Uma conjunção urbana perfeita para um intelectual que tem explorado como poucos as noções de tempo e espaço e cujas reflexões precederam o advento de uma modernidade onde o tempo se tornou instantâneo através da velocidade dos intercâmbios e o espaço se estreitou com a catarata de imagens.

No entanto, como assinala Augé nesta entrevista, a instantaneidade e a profusão de imagems não fizeram mais do que criar confusão e mais solidão. Promotor da ideia de andar de bicicleta como forma de recuperar o controle individual da noção de tempo e espaço, agudo descobridor dos « não lugares », inventor do conceito de « etno-ficção », Augé disseca nesta entrevista a realidade de um mundo enfermo de imagens, iludido com um conhecimento de miragens. O antropólogo não propõe nenhuma ideologia de substituição, mas sim uma lúcida viagem pela modernidade, com todos seus escândalos e seus acertos passageiros.

Muitos analistas vêm evocando há cerca de dez anos a existência de uma espécie de mal estar generalizado em quase todas as sociedades humanas. Qual é, para você, a origem dessa estranha sensação planetária ?

Creio que o grande mal estar provém da mudança de escala. Quando refletimos sobre o contexto de qualquer acontecimento, esse se situa em escala planetária. Isso leva a que, mesmo em acontecimentos pequenos, o mundo inteiro esteja em questão. Também somos conscientes de que o capitalismo conseguiu sua internacionalização. Estamos encerrados no sistema, enão só no do mercado. As referências locais são insuficientes, os indivíduos são mais individuais, mas ou são consumidores ou são excluídos do consumo. Essa situação provoca uma certa vertigem e, sob certos ângulos, uma vertigem metafísica. Creio, então, que a instalação do sistema planetário nos faz sofrer.

Poderíamos ter uma percepção gloriosa disso tudo e afirmar que todos os seres humanos são irmãos, ou celebrar a humanidade e a universlidade. Mas estamos longe de tudo isso por duas razões : a primeira é porque essas mudanças ocorrem sob o signo da economia ; a segunda, porque as transformações provocam resistências que, frequentemente, são opacas e um pouco loucas. Vemos, por exemplo, o desencadeamento dos fundamentalismos mais radicasis. Alguém pode se perguntar até onde é preciso olhar para encontrar algo alentador.

Há algo ao mesmo tempo nefasto e tentador na instantaneidade com a qual funciona o mundo. Em um de seus livros, "As formas do esquecimento", você coloca o esquecimento como condição para saborear o presente e o instante, para recuperar o que as formas atuais da instantaneidade nos retiram.

A instantaneiddade é hoje a consigna do mundo. Paul Virilio descreveu muito bem esta ubiquidade da instantaneidade. Mas eu me refiro a outro instante, a um instante mais íntimo, o instante da relação conosco mesmo, o instante do encontro com os outros, com um olhar, uma paisagem, uma ideia. Não há identidade individual ou coletiva que possa ser construída sem o outro. A solidão absoluta é impensável. O itinerário do indivíduo passa pelo encontro com os demais. Por isso, quando evoco o instante, é por oposição a tudo o que está marcado pelo passado. Temos uma tendência a encontrar a explicação de todos os fenômenos no passado, seja na perspectiva marxista ou analítica. É claro que não se pode negar a importãncia do passado na construção individual e coletiva, mas eu diria que os momentos de criação são os momentos que conseguem escapar dessa gravidade. Para mim, o instante é justamente isso, um momento no qual o tempo muda de registro, há um tempo que circula, mas que não depende do que pesa sobre ele. Um instante sem culpabilidade.

Você escreveu certa vez que bastava ampliar a distância para que os piores erros se apaguem. No entanto, hoje a distância se estreitou e os horrores se apagam do mesmo modo. A proximidade não nos redime do esquecimento.

Sim, está certo, há um efeito duplo. Quando escrevi isso pensava nesses pilotos de avião que lançam bombas. Para eles, o dano causado era abstrato. Hoje basta ligar a televisão para ver cadáveres em abundância. Mas, de certo modo, o que torna as coisas abstratas é o acúmulo. A visão de proximidade da televisão produz o mesmo efeito que a distância. Creio que não nos damos conta do que ocorre, da gravidade.

Você diria que o relato por meio da imagem nos desumanizou ?

De certa forma sim. A imagem é a melhor e a pior das coisas. Estamos orgulhosos porque a imagem nos aproxima de tudo. No entanto, ao mesmo tempo que nos aproxima ela nos distancoa. A imagem também tem outro efeito perverso : ela causa a ilusão de que conhecemos porque nos permite reconhecer. Mas o reconhecimento não é o conhecimento. É um jogo perverso, é a ignorância que desconhece a si mesma.

Em seu último livro você faz uma assombrosa recomendação : « Devemos escapar do pesadelo mítico »

Com isso me refiro à fórmula de Walter Benjamin quando conta que, no fundo, a aparição do relato organizado, dos contos onde o pequeno triunfa diante do grande ou do ogro, tudo isso desfaz o impacto dos relatos míticos onde as bruxas devoram os homens e outros horrores mais. O pesadelo mítico são os mitos originais, as cosmogonias, as cosmologias e toda uma panóplia de mitos horríveis e caóticos. Benjamin pensava que a narrativa era uma forma de afastar-se desses horrores. O pesadelo mítico sempre se relaciona com a indistinção, a indistinção entre o bem e o mal, entre os sexos, entre as distintas gerações, etc, etc. Podemos nos perguntar, então, se não há um risco de uma nova indistinção a partir da abundância de imagens.

Essa abundância nos remete a um tipo de ameaça mítica. É preciso ter cuidado. Devemos ter formas narrativas capazes de colocar a imagem à distância para que ela seja apenas o que é, ou seja, uma ilustração e não uma realidade. Os progressos tecnológicos nos levam a tomar a imagem como algo real. O pensamento escrito é muito mais articulado e é isso precisamente o que precisamos : um pensamento articulado frente à enxurrada de imagens. A escritura aporta outra coisa. No entanto, também é lícito interrogar-se sobre a noção de escritura dado que o inimigo se instalou nesse campo. Basta abrir a internet para dar-se conta de que quase tudo que circula ali é oralidade primitiva, primária.

A internet também é, para você, uma espécie de ilusão.

Sim. Acreditamos que a internet é um fim em si mesmo, e isso é uma ilusão. Acredita-se que basta ingressar nesse universo para pertencer à comunidade dos comunicantes. Isso é ilusório. Não pertencemos a coisa alguma. Falava a pouco da ilusão do conhecimento. Com a internet ocorre algo similar. Em nosso computador, temos toda a ilusão do mundo, mas esse conhecimento só é útil para aqueles que já sabem algo.

Parece que o mundo moderno é uma sinfonia de ilusões. Você sugere, por exemplo, que a própria ideia de comunidade é ilusória.

Há palavras por trás das quais já não se colocam conceitos. Essas palavras funcionam como códigos para passar. Quando dizemos cultura, quando dizemos diferença, quando dizemos comunidade, eu me pergunto : de que estamos falando ? Por exemplo, quando se diz « sociedade multicultural » não sei do que está se falando. Trabalhei durante um tempo em uma localidade muito pequena da Costa do Marfim. Ali havia uma multiplicidade de grupos com culturas diferentes. Suas referências eram distintas e seus idiomas também. Em cada cultura, cada indivíduo tem uma relação diferente e desigual com essa cultura, A multiplicidade da referência cultural é enorme.

Quando falamos de sociedades multiculturais estamos nos referindo à coexistência de culturas no sentido mais impreciso, mais opaco. O que são a cultura africana ou a cultura asiática senão um conjunto de lugares comuns que não dizem grande coisa ? A noção de multiculturalismo é abstrata. Em resumo, cada vez que falamos de coletividade estamos recorrendo à linguagem da ilusão. Coloquemos as coisas ao contrário. Seria preciso dar voltas a partir do indivíduo, que é nossa única referência concreta. Não se trata de uma sociologia do egoísmo ou do egocentrismo. Não há indivíduo sem relação. Por isso de pode estudar a elaboração das relações entre os indivíduos.

Isso está no coração da democracia, a qual deve fixar a maneira pela qual nos relacionamos com o outro. A soberania do indivíduo está limitada pelo fato de que ele não está sozinho. A solidão absoluta conduz à loucura. O mesmo ocorre com a totalidade imposta, que também conduz á loucura. O papel da democracia deveria consistir em elaborar um compromisso para conciliar a individualidade e a alteridade.

Você introduz um conceito hiper moderno em sua definição dos blocos do mundo. Tomando como base o famoso artigo de Francis Fukuyama no qual, com o triunfo da democracia liberal, Fukuyama promoveu a ideia do fim da história, você escreveu que isso conduziu ao esfriamento do Ocidente.

Com isso, eu estava me referindo à ideia de Claude Levis-Strauss sobre as sociedades frias e as sociedades quentes. Quando se afirma que a história terminou então passamos para o lado frio. A ideia sobre o fim da história não significa que os acontecimentos acabaram, mas sim que a fórmula, a receita, foi encontrada : ou seja, mercado liberal e democracia representativa. Mas essa ideia enfrenta muitas objeções. A primeira : o mercado liberal se dá muito bem com regimes ditatoriais. Isso significa que a liberalização dos mercados, a liberdade dos intercâmbios, não garantem o advento da democracia. Há um paradoxo no postulado do fim da história : é uma espécie de marxismo ao contrário. É a ideia de qua organização da produção desemboca em formas sociais. Creio que esse foi o último grande relato que conhecemos.

A segunda objeção é que não nos dirigimos para um mundo de desigualdades reforçadas. A ascensão de alguns estados, os chamados países emergentes, alimenta a ilusão de que o mundo caminha na direção de mais igualdade. É certo que há países emergentes, mas assim como entre os países desenvolvidos, entre os emergentes se constatam fenômenos de desigualdade crescente. A distância entre ricos e pobres é cada vez mais importante, e a mesma coisa ocorre com o acesso ao conhecimento e à ciência. Eu diria que a globalização não difere muito da colonização. Vivemos um tipo de colonização anônima ou multinacional. A globalização nos emparelhou.

O Terceiro Mundo tem problemas que não são muito distintos dos problemas do Ocidente, por exemplo, no que diz respeito à migração. Os migrantes já não vão só do Sul ao Norte, mas também do Sul para o Sul. No Ocidente, há uma tradição de arrogância que não encontramos no Sul, mas não estou seguro de que os problemas sejam fundamentalmente distintos. A globalização criou as mesmas problemáticas em todas as partes. Não acredito que seja oportuno fazer a apologia do Ocidente ou questioná-lo. O questionamento do Ocidente permite às ditaduras locais fabricarem uma virtude por conta própria. Sou mais universalista, creio que todos compartilhamos o horror.

Há, de fato, uma tecno-oligarquia e uma oligarquia financeira que colonizaram o mundo ?

Sim, e cada vez mais nos dirigimos para esse modelo de oligarquias. Em alguns lugares do mundo vemos uma concentração muito forte de poder, conhecimento e riqueza. Há então uma classe oligárquica sob a qual encontramos uma classe de consumidores – sem eles o sistema não funciona – e depois vem os excluídos, essas classes que não são necessárias para que a máquina funcione. Esse esquema exclui todo modelo de revolução.

Para que uma revolução ocorra hoje ela deveria se situar em escala planetária. Conservamos uma ideia mítica da Revolução Francesa que também cometeu horrores. Mas conservamos também a ideia de que a Revolução Francesa foi feita em nome de princípios. Hoje já não sabemos quais são os princípios. O que está em jogo é enorme : transformar o planeta em um lugar onde todos os seres humanos se reconheçam é um desafio formidável. Mas a história não funciona assim.

Recordo o livro que você escreveu sobre a bicicleta, no qual aponta que andar de bicicleta é uma espécie de novo humanismo. Deveríamos todos andar de bicicleta para recuperar um pouco de humanidade ? Já não é muito tarde frente o avanço da globalização, a pobreza, a especulação, o vazio planetário das imagens ?

A experiência da bicicleta me permitiu destacar que tudo está relacionado com o tempo e o espaço. Neste sentido, a bicicleta corresponde à necessária dimensão individual. Quando estamos sentados na frente de nossos computadores estamos mergulhados em um universo fictício de instantaneidade e ubiquidade. Se temos trabalho estamos asfixiados pela maneira como está concebido fora de nós, e se não temos trabalho estamos aplastados como indivíduos. Há uma espécie de totalitarismo liberal muito pesado. Então, o que podemos fazer ? Em escala individual, creio que o único meio de escapar à ilusão é ter sua própria relação com o tempo e o espaço. A bicicleta é um bom instrumento : nos remete à infância, à velhice, nos remete à noção das distâncias que é preciso percorrer, ao controle, etc., etc. Quero deixar claro que não acredito que seja possível mudar o mundo por meio da reforma individual e da bicicleta. Como mortais, estamos todos condenados à utopia. Ainda não acabamos de redefinir a finitude do ser humano, a materialidade do espírito e o futuro de história.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer



Fonte: Carta Maior

domingo, 15 de maio de 2011

MAX WEBER


Max Weber nasceu e teve sua formação intelectual no período em que as primeiras disputas sobre a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa, sobretudo em seu país, a Alemanha. Filho de uma família da alta classe média, Weber encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante. Seu pai era um conhecido advogado e desde cedo orientou-o no sentido das humanidades. Weber recebeu excelente educação secundária em línguas, história e literatura clássica. Em 1882, começou os estudos superiores em Heidelberg; continuando-os em Göttingen e Berlim, em cujas universidades dedicou-se simultaneamente à economia, à história, à filosofia e ao direito.

Concluído o curso, trabalhou na Universidade de Berlim, na qual idade de livre-docente, ao mesmo tempo em que servia como assessor do governo. Em 1893, casou-se e; no ano seguinte, tornou-se professor de economia na Universidade de Freiburg, da qual se transferiu para a de Heidelberg, em 1896. Dois anos depois, sofreu sérias perturbações nervosas que o levaram a deixar os trabalhos docentes, só voltando à atividade em 1903, na qualidade de co-editor do Arquivo de Ciências Sociais (Archiv tür Sozialwissenschatt), publicação extremamente importante no desenvolvimento dos estudos sociológicas na Alemanha. A partir dessa época, Weber somente deu aulas particulares, salvo em algumas ocasiões, em que proferiu conferências nas universidades de Viena e Munique, nos anos que precederam sua morte, em 1920.

A Sociologia weberiana caracteriza-se por um dualismo racionalismo – irracionalismo:

- Racionalismo: rotina social; estabilidade; tradição; legalidade; continuidade; espírito científico e pragmático do ocidente, sacrificando a espontaneidade da vida aos cálculos e à seleção dos meios, para serem atingidos fins previamente escolhidos.

- Irracionalismo: crenças; mitos; sentimentos; ação carismática.

AÇÃO

Para Weber a sociedade não seria algo exterior e superior aos indivíduos, como em Durkheim. Para ele, a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente referidas. Por isso, Weber define como objeto da sociologia a ação social.

O que é ação social?

Para Weber ação social é qualquer ação que o indivíduo faz orientando-se pela ação de outros. Por exemplo um eleitor. Ele define seu voto orientando-se pela ação dos demais eleitores. Ou seja, temos a ação de um indivíduo, mas essa ação só é compreensível se percebemos que a escolha feita por ele tem como referência o conjunto dos demais eleitores.

Assim, Weber dirá que toda vez que se estabelecer uma relação significativa, isto é, algum tipo de sentido entre várias ações sociais, teremos então relações sociais.

A ação social, é a conduta humana dotada de sentido. O sentido motiva a ação individual.

Para Weber, cada sujeito age levado por um motivo que se orienta pela tradição, por interesses racionais ou pela emotividade.

O objetivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que é social na medida em que cada indivíduo age levando em conta a resposta ou reação de outros indivíduos.

A ação social gera efeitos sobre a realidade em que ocorre.

É o indivíduo que através dos valores sociais[1] e de sua motivação, produz o sentido da ação social.

A transmissão destes valores comuns de uma geração para outra é chamada socialização, que é uma forma inconsciente de coerção social. Ex. de valores sociais: respeito, virgindade, honestidade, solidariedade, etc

Só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações, com os demais.

A partir dessa definição, Weber afirmará que podemos pensar em diferentes tipos de ação social, agrupando-as de acordo com o modo pelo qual os indivíduos orientam suas ações. Assim, ele estabelece tipos de ação social:

1. Ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado.

2. Ação carismática: inova e inobserva tradições. Funda-se na crença de ser seu autor dotado de poderes sobre-humanos e sobrenaturais que agem, livremente, sem fazer caso de normas estabelecidas ou de tradições, estabelecendo novas normas e criando tradições.

3. Ação afetiva: orientada pelas emoções e sentimentos.

4. Ação social racional: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.

5. Ação política: a finalidade ideal da ação política é a instituição e a perpetuação do poder. Para a instituição e a perpetuação do poder a ação política exerce três tipos de dominação que precisam ser legitimados: carismática, tradicional e legal.

Weber afirma que a Ciência Social que ele pretende exercitar é uma “Ciência da Realidade”, voltada para a compreensão da significação cultural atual dos fenômenos e para o entendimento de sua origem histórica.

O método compreensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as ações de um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas ações.

Se, por exemplo, uma pessoa dá a outra um pedaço de papel, esse fato, em si mesmo, é irrelevante para o cientista social. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu o papel para a outra como forma de saldar uma dívida (o pedaço de papel é um cheque) é que se está diante de um fato propriamente humano, ou seja, de uma ação carregada de sentido. O fato em questão não se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de significações sociais, na medida em que as duas pessoas envolvidas atribuem ao pedaço de papel a função do servir como meio de troca ou pagamento; além disso, essa função é reconhecida por uma comunidade maior de pessoas.

Conhecimento

‘o conhecimento são os acontecimentos pensados, racionalizados, não apenas vividos’.

O que é conhecimento?

· O conhecimento é a relação entre uma consciência e um objeto que se quer conhecer.

· O conhecimento é o saber acumulado pelo homem através das gerações.

· O conhecimento é produto da ação e do pensamento ( que gerou a ação ).

Ex: Tive a idéia de fazer um bolo. Não qualquer bolo. Escolhi fazer um bolo de chocolate. A massa que saiu do forno é o produto da idéia que tive. Meus colegas Clóvis e Andréia, que comeram o bolo, não pensaram, não tiveram a idéia, não racionalizaram criando a receita.

· O conhecimento pode ser:

concreto: sujeito estabelece relação com objeto individual. Ex: conhecimento que temos de alguém em particular.

abstrato: relação estabelecida com um objeto geral, universal. Ex: conhecimento que temos do ser humano, como gênero.

Acontecimentos Pensados: são as idéias que temos das coisas: o pensamento

· Antes da ação existe a idéia, o pensamento do que se quer fazer.

· O pensamento é organizado com o vocabulário aprendido assim como os conceitos e definições.

· As ações exemplificam este conteúdo aprendido racionalmente através da língua ( portuguesa ).

· As idéias são os pensamentos organizados.

Definição de idéia: representação abstrata de um ser, de um objeto, elaborada pelo pensamento.

Ex: idéia do que seja belo ( ideal de beleza ).

Tipo Ideal

O tipo ideal é uma construção do pensamento e sua característica principal é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise de casos concretos, realmente existentes.

As construções de tipo ideal fazem parte do método tipológico criado por Max Weber. Ao comparar fenómenos sociais complexos o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir de aspectos essenciais dos fenómenos.

Tipos ideais de dominação:

- Dominação carismática: legitimada pela fé e pelas qualidades sobrenaturais do chefe

- Dominação tradicional: legitimada pela crença sacrossanta na tradição

- Dominação legal: legitimada pelas leis a partir dos costumes e tornado possível pela burocracia, trazendo a especialização e a organização racional e legal das funções.

Burocracia

O estado moderno, com suas inúmeras atribuições, reclama a existência de uma ampla estrutura organizacional, constituída por funcionários sujeitos à hierarquia e a regulamentos.

Popularmente, o termo burocracia apresenta em geral uma conotação pejorativa, associada à lentidão com que se cumprem os trâmites administrativos e à existência de estruturas, um tanto abstratas, que regem as atividades humanas sem levar em conta as circunstâncias concretas e as necessidades individuais.

Nas ciências sociais, entretanto, a noção de burocracia define, por um lado, a estrutura organizativa e administrativa das atividades coletivas, no campo público e privado, e, por outro, o grupo social constituído pelos indivíduos dedicados ao trabalho administrativo, organizado hierarquicamente, de forma que seu funcionamento seja estritamente regido por rigorosas regras de caráter interno, emanadas da legislação administrativa geral.

Foi no século XVIII, com a crescente importância assumida pelos organismos administrativos, que Jean-Claude Marie Vincent, senhor de Gournay, criou a palavra burocracia, a partir do francês bureau, "escritório", e do grego kratia, "poder". Somente em fins do século XIX, o tema passou a ser estudado dentro de uma perspectiva geral.

“O domínio legal é caracterizado, do ponto de vista da legitimidade, pela existência de normas formais. Do ponto de vista do aparelho, pela existência de um staff administrativo burocrático (grupo qualificado de funcionários pela aptidão e competência, que assiste a um dirigente em entidades públicas e privadas)”. Weber, portanto, define a burocracia como a estrutura administrativa, de que se serve o tipo mais puro do domínio legal.

Segundo Weber, são três as características da burocracia:

§ A estruturação hierárquica;

§ O papel desempenhado por cada indivíduo dentro da estrutura; e

§ A existência de normas reguladoras das relações entre as unidades dessa estrutura.

A divisão do trabalho em áreas especializadas é obtida pela definição precisa dos deveres e responsabilidades de cada pessoa, considerada não individualmente, mas como um "cargo". Essa definição de cargo delimita determinadas áreas de competência, que não podem ser desrespeitadas em nenhuma hipótese, de acordo com os regulamentos pertinentes. Em situações extremas ou anômalas, recorre-se à consulta "por via hierárquica", ao órgão imediatamente superior.

Essa via, segundo Weber, resulta da absoluta compartimentação do trabalho e da estruturação hierárquica dos diferentes departamentos, de forma racional e impessoal. A legitimação da autoridade não é pessoal, nem se baseia no respeito primário à tradição, como nas relações tradicionais entre superiores e inferiores, mas resulta do reconhecimento da racionalidade e da excelência dos processos estabelecidos. O respeito e a obediência são devidos não à pessoa, nem sequer à instituição, mas sim ao ordenamento estabelecido.

Para Weber, a característica básica de todo o sistema burocrático é a existência de determinadas normas gerais e racionais de controle, que regulam o funcionamento do conjunto de acordo com técnicas determinadas de gestão, visando o maior rendimento possível.

Na realidade, como reconhece Weber, nem todas as organizações administrativas apresentam-se com todas essas características, presentes, no entanto, na grande maioria delas.


[1] Valores : níveis de preferência estabelecidos pelo ser humano para objetos, conhecimentos, comportamentos ou sentimentos, tenham eles origem individual ou coletiva. Mas todos eles geram algum tipo de conduta, isto é, servem de referência para a ação. É o valor moral, ético. Os valores sociais são aqueles gerados por um grupo e que contribuem para sua manutenção. Durkheim atribuiu aos valores a caracteristica de coerção social, ou seja, o poder de induzir pessoas a um determinado comportamento.

Karl Marx

As revoluções burguesas do séc. XVIII se encontravam, no início do séc. XIX, ameaçadas pelas forças conservadoras do feudalismo em decomposição, representadas pela nobreza e pelo clero desejosas de restituir o absolutismo e excluir a burguesia do poder político.

As forças revolucionárias eram representadas pela burguesia e pelo crescente proletariado, ambos descontentes com a situação socioeconômica. O embate dessas forças se fez sentir em 1830 e 1848 nos grandes movimentos liberais e nacionais que, iniciados na França, se estenderam pela Bélgica, Polônia, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha.

Em uma Alemanha agitada e cheia de problemas, surgiu o marxismo.

Em 1848, Marx e Engels ( 1820 – 1895 ) escrevem o Manifesto Comunista, formulando suas idéias a partir da realidade social por eles observada: de um lado o avanço técnico, o aumento do poder do homem sobre a natureza, o enriquecimento e o progresso; de outro e contraditoriamente, a escravização crescente da classe operária, cada vez mais empobrecida.

O objetivo de Marx não era apenas contribuir para o desenvolvimento da ciência, mas propor uma ampla transformação política, econômica e social.

A teoria marxista compõe-se de uma teoria científica, o materialismo histórico e de uma filosofia, o materialismo dialético.

Marx desenvolve o materialismo histórico, a corrente mais revolucionária do pensamento social nas conseqüências teóricas e na prática social que propõe. Ele faz uma leitura crítica da filosofia de Hegel ( Alemanha, 1770 – 1831 ), de quem absorveu e aplicou, de modo peculiar, o método dialético.

Para Hegel, o mundo é a manifestação da idéia. Marx e Engels ao contrário, diz que a matéria é a fonte da consciência e esta é um reflexo da matéria. Marx diz que:

“A contradição é a fonte de toda a vida. Só na medida em que encerra em si uma contradição é que uma coisa se move, tem vida e atividade. Só o choque entre o positivo e o negativo permite o processo de desenvolvimento e o eleva a uma fase mais elevada.”

Naturalmente Marx substitui, do pensamento de Hegel, o espírito ou a idéia, que são os elementos básicos de sua dialética, pelas relações de produção, pelos sistemas econômicos, pelas classes sociais, ou seja, pelas condições materiais de existência.

Marx contraria também a Declaração Universal dos Direitos Humanos elaborada no período iluminista que diz que todos os homens são iguais política e juridicamente e que a liberdade e justiça eram direitos inalienáveis de todo cidadão. Ele proclama que não existe tal igualdade natural e observa que o Liberalismo vê os homens como átomos, como se estivessem livres das evidentes desigualdades estabelecidas pela sociedade. Ele discordará de Durkheim sobre o consenso, dizendo que não existe consenso, mas sim uma eterna luta de classes.

Manifesto Comunista

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich, Manifesto do Partido Comunista – 1848 (http://www.culturabrasil.pro.br/manifestocomunista.htm )

O Manifesto sugere um curso de ação para uma revolução socialista através da tomada do poder pelos proletários.

O Manifesto Comunista faz uma dura crítica ao modo de produção capitalista e na forma como a sociedade se estruturou através desse modo. Busca organizar o proletário como classe social capaz de reverter sua precária situação e descreve os vários tipos de pensamento comunista, assim como define o objetivo e os princípios do socialismo científico.

Marx e Engels partem de uma análise histórica, distinguindo as várias formas de opressão social durante os séculos e situa a burguesia moderna como nova classe opressora. Não deixa, porém, de citar seu grande papel revolucionário, tendo destruído o poder monárquico e religioso valorizando a liberdade econômica extremamente competitiva e um aspecto monetário frio em detrimento das relações pessoais e sociais, assim tratando o operário como uma simples peça de trabalho. Este aspecto juntamente com os recursos de aceleração de produção (tecnologia e divisão do trabalho) destrói todo atrativo para o trabalhador, deixando-o completamente desmotivado e contribuindo para a sua miserabilidade e coisificação. Além disso, analisa o desenvolvimento de novas necessidades tecnológicas na indústria e de novas necessidades de consumo impostas ao mercado consumidor.

Afirmam sobre o proletariado: "Sua luta contra a burguesia começa com sua própria existência". O operariado tomando consciência de sua situação tende a se organizar e lutar contra a opressão e ao tomar conhecimento do contexto social e histórico onde está inserido, especifica seu objetivo de luta. Sua organização é ainda maior pois toma um caráter transnacional, já que a subjugação ao capital despojou-o de qualquer nacionalismo. Outro ponto que legitima a justiça na vitória do proletariado seria de que este, após vencida a luta de classes, não poderia legitimar seu poder sob forma de opressão, pois defende exatamente o interesse da grande maioria: a abolição da propriedade (“Os proletários nada têm de seu para salvaguardar”). A exclusividade entre os proletários conscientes, portanto comunistas, segundo Marx e Engels, é de que visam a abolição da propriedade privada e lutam embasados num conhecimento histórico da organização social, são portanto revolucionários. Além disso, destaca que o comunismo não priva o poder de apropriação dos produtos sociais; apenas elimina o poder de subjugar o trabalho alheio por meio dessa apropriação. Com o desenvolvimento do socialismo a divisão em classes sociais desapareceriam e o poder público perderia seu caráter opressor, enfim seria instaurada uma sociedade comunista.

Analisam e criticam três tipos de socialismo. O socialismo reacionário, que seria uma forma de a elite conquistar a simpatia do povo, e mesmo tendo analisado as grandes contradições da sociedade, olhava-as do ponto de vista burguês e procurava manter as relações de produção e de troca; o socialismo conservador, com seu caráter reformador e anti-revolucionário; e o socialismo utópico, que apesar de fazer uma análise crítica da situação operária não se apóia em luta política, tornando a sociedade comunista inatingível. E fecham com as principais idéias do Manifesto, com destaque na questão da propriedade privada e motivando a união entre os operários. Acentua a união transnacional, em detrimento do nacionalismo esbanjado pelas nações, como manifestado na célebre frase: “Proletários de todo o mundo, uni-vos!”

Marx e o materialismo histórico






Em 1859, Marx e Engels publicaram o Prefácio da Contribuição à crítica da economia política. Neste prefácio está a formulação de uma teoria empírica, fundada na observação de condições reais do capitalismo emergente e definida como materialismo histórico.

Os conceitos desenvolvidos por Marx em sua teoria são: mercadoria, capital, lei da mais-valia, classes sociais, Estado e ideologia.

Em seu livro mais importante, O Capital, Marx afirmava que a nossa sociedade aparece inicialmente como um grande depósito de mercadorias.

Por exemplo: relaciono-me com o padeiro, porque compro seu pão; relaciono-me com o cobrador do ônibus, pois pago a passagem. Tudo acaba sendo mercadoria. O trabalhador vende sua capacidade de trabalhar em troca de um salário e assim por diante.

Marx diz que a estrutura da sociedade está fundamentada na mercadoria, ou seja, a sociedade está estruturada na economia.

Segundo o materialismo histórico, a estrutura econômica de uma sociedade depende da forma como os homens organizam a produção social de bens. Essa estrutura é a verdadeira base da sociedade. É o alicerce sobre a qual se ergue a superestrutura jurídica e política e ao qual correspondem formas definidas de consciência social.

A produção social de bens, segundo Marx, engloba dois fatores básicos: as forças produtivas e as relações de produção.

As forças produtivas e relações de produção constituem o modo de produção e são as condições naturais e históricas de toda atividade produtiva que ocorre na sociedade.

O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e espiritual em geral. Para Marx, o estudo do modo de produção é fundamental para se compreender como se organiza e funciona uma sociedade. As relações de produção, nesse sentido, são consideradas as mais importantes relações sociais. As formas de família, as leis, a religião, as idéias políticas, os valores sociais são aspectos cuja explicação depende, em princípio, do estudo do modo de produção.

A história do homem é portanto, a história do desenvolvimento e do colapso de diferentes modos de produção. Analisando a história , Marx identificou alguns modos de produção específicos: sistema comunal primitivo, asiático, antigo, germânico, feudal e modo de produção capitalista. Cada qual representa passos sucessivos no desenvolvimento da propriedade privada e do advento da exploração do homem pelo homem.

Marx conflitoEm cada modo de produção, a desigualdade de propriedade, como fundamento das relações de produção, cria contradições básicas com o desenvolvimento das forças produtivas.

Ao se desenvolverem, as forças produtivas da sociedade entram em conflito com as relações de produção existentes. Estas relações tornam-se, então, obstáculos para as forças produtivas, nascendo, nesse momento uma época de revolução social.

A mudança da base econômica, gerada pela transformação material das condições econômicas de produção, provocam revoluções jurídicas, políticas, religiosas, artísticas e filosóficas, que são as formas ideológicas que servem aos homens não só para tomar consciência deste conflito, como também para explicá-lo.

Por outro lado jamais aparecem novas relações de produção superiores às antigas antes que as condições materiais de sua existência se tenham desenvolvido completamente no seio da velha sociedade.

Marx diz que as desigualdades sociais são provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, as quais dividem os homens em proprietários e não-proprietários dos meios de produção. As desigualdades são a base da formação das classes sociais.

Ele não acreditava no consenso de Durkheim, mas sim que a história do homem é a história da luta de classes, uma luta constante entre interesses opostos. Por outro lado, as relações entre as classes são complementares, pois uma só existe em relação à outra. Só existem proprietários porque há uma massa de despossuídos cuja única propriedade é sua força de trabalho, que precisam vender para assegurar a sobrevivência. As classes sociais são, pois, complementares e interdependentes.

Fixando conceitos

FORÇA PRODUTIVA = meios de produção + trabalho humano.

Todo processo produtivo combina os meios de produção e a força de trabalho. Constituem as condições materiais de toda a produção. Sem o trabalho humano nada pode ser produzido e sem os meios de produção, o homem não pode trabalhar.

Todo processo de trabalho implica em determinados objetos ( matérias-primas ) e determinados instrumentos (ferramentas ou máquinas). Os objetos e instrumentos constituem os meios de produção. O proletariado constitui a força de trabalho. Os meios de produção ou meios de trabalho incluem os "instrumentos de produção" (máquinas, ferramentas), as instalações (edifícios, armazéns, silos etc), as fontes de energia utilizadas na produção (elétrica, hidráulica, nuclear, eólica etc.) e os meios de transporte. Os "objetos de trabalho" são os elementos sobre os quais ocorre o trabalho humano (matérias-primas minerais, vegetais e animais, o solo etc.).

MODO DE PRODUÇÃO = forças produtivas + relações de produção.

Conceito abstrato para definir os estágios de desenvolvimento do sistema capitalista. É a forma de organização socioeconômica associada a uma determinada etapa de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. Reúne as características do trabalho preconizado, seja ele artesanal, manufaturado ou industrial. São constituídos pelo objeto sobre o qual se trabalha e por todos os meios de trabalho necessários à produção (instrumentos ou ferramentas, máquinas, oficinas, fábricas, etc.) Existem 6 modos de produção: Primitivo, Asiático, Escravista, Feudal, Capitalista e Comunista.

RELAÇÕES DE PRODUÇÃO: O trabalho é necessariamente um ato social. As pessoas dependem umas das outras para obter os resultados pretendidos. As relações de produção, são as formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva. As relações de produção podem ser cooperativistas ( ex: mutirão ), escravistas ( como na Antiguidade européia ou período colonial brasileiro ), servis ( como na Europa feudal ) ou capitalistas ( como na indústria moderna ). são constituídas pela propriedade econômica das forças produtivas. Na condição de escravos, servos ou assalariados, os trabalhadores participam da produção somente com sua força de trabalho. Na condição de senhores, nobres ou empresários, os proprietários participam do processo produtivo como donos dos meios de produção.

CLASSE SOCIAL: O conceito cientifico das classes sociais exige análise dos seguintes níveis: modo de produção, estrutura social, situação social e a conjuntura. Em uma explicação mais simples, classe social é um grupo de pessoas que tem status social similar segundo critérios diversos, especialmente o econômico. Segundo a ótica marxista, em praticamente toda sociedade, seja ela pré-capitalista ou caracterizada por um capitalismo desenvolvido, existe a classe dominante, que controla direta ou indiretamente o Estado, e as classes dominadas por ela, reproduzida inexoravelmente por uma estrutura social implantada pela classe dominante. Segundo a mesma visão de mundo, a história da humanidade é a sucessão das lutas de classes, de forma que sempre que uma classe dominada passa a assumir o papel de classe dominante, surge em seu lugar uma nova classe dominada, e aquela impõe a sua estrutura social mais adequada para a perpetuação da exploração.